A GOTA é o tipo de artrite que ocorre quando há deposição de cristais de ácido úrico (monourato de sódio) na articulação. Isso ocorre geralmente em pessoas que têm níveis elevados de ácido úrico no sangue (o nome disso é HIPERURICEMIA).
A GOTA é a inflamação articular mais comum. Costuma ser mais frequente em homens entre 30 e 70 anos e é muito difícil de ocorrer em mulheres antes da menopausa. É mais frequente em indivíduos sedentários, obesos, com síndrome metabólica (resistência insulínica - pré diabetes e dislipidemia), diabéticos, hipertensos e com insuficiência renal.
O que causa a GOTA? O ÁCIDO ÚRICO é um produto do metabolismo de compostos chamados PURINAS, encontrados em alimentos ricos em proteínas. Sabemos que existe uma predisposição genética para a gota, que pode levar a uma produção excessiva ou a uma eliminação insuficiente de ácido úrico pelos rins. Essas duas situações resultam em aumento dos níveis de ácido úrico no sangue (HIPERURICEMIA). Uma pessoa pode viver por anos nesse estado de hiperuricemia sem apresentar crises de gota, até que um dia, geralmente após consumir muita bebida alcoólica ou alimentos ricos em purinas, vem uma crise. O uso de alguns medicamentos, como diuréticos, também pode favorecer a ocorrência de crises.
Como é uma crise de GOTA? As crises de gota costumam iniciar de repente, com dor intensa, inchaço e vermelhidão, geralmente nas juntas dos membros inferiores (dedão do pé, tornozelo, joelho). A articulação fica muito sensível, sendo difícil calçar sapatos, por exemplo. A crise dura algo entre 3 e 10 dias, geralmente afeta uma articulação por vez, e melhoram, podendo levar meses até que ocorra de novo.
Como é feito o tratamento da GOTA? O tratamento é feito em 2 etapas: tratamento da crise aguda e o tratamento para controle dos níveis de ácido úrico e prevenção de novas crises. As crises costumam responder bem a anti-inflamatórios, corticóides e colchicina. Para prevenção de novas crises utilizamos medicamentos para diminuir a produção de ácido úrico (alopurinol) ou para aumentar a sua eliminação pelos rins (benzbromarona), a depender de cada caso, acompanhados ou não de colchicina. Além dos medicamentos, é importante que o paciente com gota entenda que é preciso reduzir o consumo de álcool, refrigerantes e bebidas ricas em frutose (como os sucos de caixinha). Para muitos uma dieta de baixa caloria será suficiente, pois controlando a obesidade, a dislipidemia e a resistência insulínica, controlamos também os níveis de ácido úrico.
E se não tratar a GOTA? Quando não tratamos a gota e nem controlamos os níveis de ácido úrico no sangue, o intervalo entre as crises costuma diminuir e a intensidade aumentar, às vezes acometendo mais de uma articulação numa mesma crise. As juntas cronicamente inflamadas podem desgastar e deformar. Além disso, os cristais de ácido úrico podem se depositar na pele, formando tofos ou nos rins, formando pedras. Mesmo sem crises de gota, pessoas com níveis de ácido úrico superiores a 9 a 10 mg/dl têm maior risco para hipertensão arterial, insuficiência renal e doenças cardiovasculares (infarto).
O que o paciente com GOTA não pode comer? É importante lembrar que não existe nenhuma restrição alimentar absoluta. Uma vez controlados os níveis de ácido úrico é possível consumir de tudo, inclusive bebida alcoólica, porém com MODERAÇÃO. Mas, até lá, recomenda-se reduzir significativamente o consumo de:
Álcool (principalmente cerveja);
Carne vermelha;
Miúdos (fígado, rim);
Pele de aves;
Embutidos (salame, mortadela);
Refrigerantes e bebidas ricas em frutose;
A GOTA não tem cura, mas tem controle. Procure um reumatologista.
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